O tempo é uma convenção humana. Os critérios utilizados para demarcar a passagem de tempo têm origem na natureza -movimentos de rotação, translação, fases da lua etc.- mas foram os homens que fizeram disso marcos para suas vidas. Por exemplo, a cada 365 dias ei-nos comemorando aniversários (e é poético pensar que cada aniversário é uma volta dada em torno do sol) ou fazendo resoluções pra o novo ano que se inicia. Agora, por que precisamos esperar o decurso de 365 dias para, só então, implementarmos mudanças em nossas vidas é realmente um mistério. "Ano que vem farei isso ou serei isso", tal é a fórmula dos acomodados de todo tipo. A palavra é feia mas é esta mesma: procrastinação. Há essa convenção humana que diz que virar a folhinha do calendário, esse simples ato, muda nossas vidas. Mas vem a decepção quando o 01 de janeiro se mostra exatamente igual ao 31 de dezembro.
Mas sigamos a convenção e façamos o balanço do ano que termina. Há uma importância nisso: se a História se repete como farsa, e, mais que isso, se os mortos governam os vivos -é o que nos ensina Marx no "18 Brumário de Luís Bonaparte"- é fundamental, ou no mínimo útil, conhecer o passado. Para que, com vista nele, possamos dar ao futuro outro rumo.