Continua, até o presente momento, a infâmia que é a presença do pastor Marco Feliciano na presidência da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados. Tem as costas quentes, a poderosa frente parlamentar evangélica, com seus 70 milhões de votos, conforme seus líderes fazem questão de frisar como chantagem política (ver o post do Lungaretti). O objetivo dos fundamentalistas, ao se aferrarem com unhas e dentes à Comissão, não é outro senão refrear os debates e avanços no campo dos DH's no País. É a raposa tomando conta do galinheiro, é o discurso medieval tomando conta das minorias e reivindicações.
Reparem que falo em fundamentalistas; evito a generalização do termo "evangélicos". Se é verdade que em regra o discurso religioso está tomado de fundamentalismo, essa associação não é decisiva, pois temos religiosos que não só refutam o fundamentalismo como adotam uma posição progressista. Veja-se por exemplo o Hermes Fernandes (aqui) que, sem abrir mão de sua visão teológica, é quase um oásis no oceano obscurantista evangélico brasileiro. O fundamentalista, que tem Marco Feliciano como representante, é de outro estofo: é o "dono da verdade", a qual, por mandato divino, tem o DEVER de impor aos outros. Para o próprio bem dos pecadores, mesmo que não saibam disso. Assim, os sinistros torquemadas do século XXI vão ganhando espaço, nas rádios e tevês, no parlamento e, quem sabe em breve, queimando-nos a todos nas "santas fogueiras de Israel".