Observemos os últimos acontecimentos. Não precisamos voltar muito no tempo nem ir muito longe: agora mesmo, aqui do lado, a violenta reintegração de posse do terreno do Pinheirinho e a investida contra os viciados na Cracolândia, ambos episódios no estado de São Paulo. Num caso, famílias que ocupavam o dito terreno há anos, no outro, verdadeiros farrapos humanos, destruídos física e moralmente. Ambos problemas sociais (por trás a economia e as relações materiais, que como ensinou Marx são a base de tudo), ambos tratados à base da porrada. Problemas "resolvidos" via batalhão de choque, gás lacrimogêneo, cassetete, cavalaria, dedo na cara e prisões.
Há surpresa nisso? Não, nem é novo. O autoritarismo é da essência do Estado (falamos disso aqui). A polícia é o braço armado do Estado, e tendo o Estado um caráter de classe, a polícia -seu braço armado- serve para atender a esses interesses de classe. Já que não poderia ser diferente, não deveríamos nos chocar (mas acho que não podemos nunca perder a capacidade de nos chocar) com a violência policial do PSDB de Alckmin; o que realmente choca, o que causa espanto, é ver que essa violência policial tem sido aplaudida por muitos setores da sociedade.