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sábado, 24 de setembro de 2011

Censor, o vilão da história


Os haters caíram de pau em "Lanterna Verde" (Green Lantern, 2011), como se vê aqui. As pessoas com quem conversei partilharam da mesma opinião: o filme é tosco, ruim, podre. Mas, puxa vida, eu gostei. Não sei se meu critério é rebaixado (gosto de filmes, mas não sou cinéfilo, i.e., não sou nem pretendo ser um especialista), ou se o fã de quadrinhos que eu sempre fui jamais poderia desgostar de um filme do Lanterna Verde. Mas gostei e até assistiria de novo.

Pode parecer que eu seja contraditório (e até me identifico com Fernando Pessoa, melhor, Álvaro de Campos, quando na Ode Marítima fala em almas complexas como a minha, como as NOSSAS, Álvaro) mas, enquanto para algumas coisas sou tremendamente exigente, para outras simplesmente deixo fluir. Cool total. E vou explicar por que sou assim: porque espero de algo exatamente o que esse algo pode dar. Ora, se estamos falando de filmes: se quero filme de arte assistirei Fellini, se quero filme-pipoca, assistirei...Lanterna Verde (o próximo da fila é o novo Conan). Ficarei chateado se for atrás de um filme-arte e encontrar um "pipoca" melhorado. Aí os haters teriam razão.

terça-feira, 13 de setembro de 2011

James Cannon


Joycemar Tejo
setembro de 2011

Nadar contra a corrente é difícil. É tão mais fácil se deixar levar: ser mais um no rebanho, na manada, é muito mais confortável e seguro. Afinal, não exige esforço, não exige trabalho. Vai-se com os outros: falou tá falado, contestar por quê? Penso inclusive que o ser humano tem uma queda por líderes. Freud deve explicar, mas as pessoas parecem precisar de um "pai". Se não colocam isso em termos religiosos, transplantam para os "Guias Geniais" populistas, à direita e à esquerda. Isso é superado conforme se cresça, simbolicamente falando. A criança ao se tornar adulta não precisa do pai lhe dando instruções, a classe trabalhadora organizada não precisa dos "Grandes Timoneiros" lhe dizendo o que e como fazer.

Valorizo quem nada contra a maré. Por princípio prezo a coragem: mas não a coragem do temerário, que não é bem coragem e sim irresponsabilidade. Mas a coragem em cumprir o dever, de fazer aquilo que se reputa correto. Arjuna enfrentou seus medos e pegou o arco, como Krishna o conclamava a fazer no Bhagavad Gita. Era o dharma do guerreiro, explicou Krishna, seu dever. Não se deve temer a consequência do combate, e sim temer a própria fuga do combate. Reparem que o dever é um elemento intrínseco dessa coragem. Há o soldado que combate sob as ordens de seu governo imperialista, e há o miliciano do povo que combate para defender sua família e terra da agressão imperialista. É evidente que apenas esse último pratica o "bom combate".

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Pássaros


Olho no espelho os cabelos brancos e vem aquela cada vez maior sensação de tempo escoando. Talvez seja prematuro dizer isso, mas é impossível não notar o relógio da vida funcionando, o tic-tac inexorável. Muitos, mas muitos cabelos brancos. É o tempo que não retorna, é a certeza de que algo passou e ficou para trás.

É atribuído ao pai da medicina, Hipócrates, o bordão famoso, ars longa vita brevis, a arte é longa e a vida é curta. A pequenez do ciclo terrestre angustia diante da grandiosidade das tarefas que a vida coloca para nós: por mais que vivamos, não daremos conta, não concluíremos. Deixaremos inacabado. Pior se sequer começarmos, e então a angústia chega ao paroxismo.

Escrevendo este post, penso em duas situações que, diferentes que sejam, se encontram. O mote é a literatura: as relacionarei a livros.

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