Fazer qualquer coisa sob pressão, sob obrigação, tira um pouco, senão a totalidade, do mérito que eventualmente teríamos por aquela ação. Afinal não foi espontâneo: se agi, foi porque era obrigado a isso- um contrato, uma arma na cabeça, sentimento de culpa etc. Não há o desprendimento, não há conduta desinteressada. O livre-arbítrio acaba tolhido, amesquinhado. Isso não se aplica ao conceito hindu do dharma, tal como o compreendo em minha ótica. Pois no dharma, atuamos por achar que dada ação é o correto; é a convicção pessoal, íntima, que nos leva a escolher essa ou aquela conduta. Não há uma imposição exterior, alheia; ao contrário, é à nossa própria voz interna que ouvimos. Conjeturei sobre isso na postagem sobre Cannon.
A religião -qualquer uma delas- faz justamente isso: retira qualquer mérito das ações. Porque exige do crente que faça assim ou assado, caso contrário irá para o inferno. É a analogia da arma na cabeça. "Deus está vendo!", ouvimos quando crianças, para que nos comportemos. Ainda adultos repetem a ladainha, e ei-los homens tementes a Deus. O fato de um Deus precisar ser "temido" para ser obedecido mostra muita coisa. Não por acaso mais de uma pessoa chama a religião de camisa-de-força.